Amor próprio segundo Rupi Kaur Um manifesto poético para o auto respeito

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Amor-próprio, uma expressão que engloba autoaceitação, autocuidado e autoestima, é um tópico profundamente enraizado em diversas escolas filosóficas ao longo dos séculos. Do conhecido adágio socrático “Conhece-te a ti mesmo” até o conceito de Nietzsche do “amor fati” - o amor ao destino e a aceitação de nós mesmos tal como somos -, a filosofia sempre fez considerações substanciais sobre a importância do amor-próprio.

Em nossa busca incessante por amor e aceitação, muitas vezes negligenciamos o amor mais importante e duradouro de todos: o amor-próprio. Rupi Kaur, uma renomada poetisa contemporânea de origem indiana, aborda essa temática em seu notável poema:

como você ama a si mesmo é
como você ensina os outros
a te amar

Retirado de seu livro “Milk and Honey” (Leite e Mel), o poema de Kaur é uma obra-prima de brevidade e profundidade filosófica. Em apenas três linhas, Kaur encapsula uma verdade profunda e universal - o nosso amor-próprio dita a forma como os outros nos amam.

“Como você ama a si mesmo é” implica um ato reflexivo de autoconhecimento, lembrando-nos do “Conhece-te a ti mesmo” socrático. As perguntas implícitas aqui são fundamentais para a autocompreensão - Como você se vê? Como você se valoriza? Como nos percebemos e o valor que atribuímos a nós mesmos formam a base de como nos apresentamos ao mundo.

“Como você ensina os outros” é uma extensão do conceito filosófico de que somos seres sociais, influenciando e sendo influenciados pelas pessoas ao nosso redor. Ao cultivar e demonstrar amor-próprio, estabelecemos um exemplo e um padrão para como esperamos ser tratados.

“A te amar” reflete a ideia do “amor fati” de Nietzsche - a aceitação e o amor pelo que somos, e consequentemente, pelo modo como somos tratados pelos outros. Kaur parece sugerir que a autoaceitação tem poderosas implicações externas, moldando a maneira como os outros respondem e se relacionam conosco.

A brevidade de Kaur e sua mensagem profunda se conectam ao coração da filosofia, que é a busca pelo conhecimento, principalmente o autoconhecimento. Ao mesmo tempo, a escrita de Kaur destaca a beleza e a força que surgem ao abraçar a autenticidade e o amor-próprio, uma lição que se alinha a muitas correntes filosóficas que nos encorajam a encontrar e aceitar a nossa verdadeira essência.

Estabelecendo o padrão

Primeiramente, Rupi Kaur apresenta uma verdade que muitas vezes passa despercebida: a forma como amamos a nós mesmos estabelece o padrão para como queremos ser amados pelos outros. Nossa atitude em relação a nós mesmos, sejamos críticos demais ou indulgentes demais, influencia diretamente as expectativas que temos de outras pessoas em relação ao amor e ao respeito.

Se constantemente nos desvalorizamos, permitiremos que os outros façam o mesmo. No entanto, se nos respeitamos e nos valorizamos, insistiremos no mesmo tratamento por parte dos demais. Como o poema sugere, a maneira como nos amamos é uma lição silenciosa, mas potente, para aqueles ao nosso redor.

O Poder do Auto-respeito

Kaur destaca a importância do auto-respeito e da autoestima saudável. É um convite para refletir sobre a forma como nos vemos e como essa percepção se reflete em nossos relacionamentos. Ao enfatizar a importância de amar a si mesmo, ela enfatiza a ideia de que ninguém mais pode preencher o vazio que surge da falta de autoestima. É um chamado para nutrir o amor-próprio e entender que é um pré-requisito para estabelecer relacionamentos saudáveis e significativos.

Amor-próprio como uma jornada

Rupi Kaur, através de sua escrita, encoraja todos nós a embarcar na jornada do amor-próprio. Ela ressalta que amar a si mesmo é um ato contínuo, não um destino final. Cada dia apresenta uma nova oportunidade para nutrir a autoaceitação e o auto-respeito. Por meio deste processo contínuo, aprendemos a ensinar os outros a nos amar, exatamente como merecemos.

Portanto, “como você ama a si mesmo é/ como você ensina os outros/ a te amar”, além de ser um poema encantador, também se destaca como uma ponte entre a poesia contemporânea e o discurso filosófico atemporal sobre a importância e o poder do amor-próprio.

"Buy Me A Coffee"

Written on June 27, 2023