Anima
Em um tempo não muito distante, um homem de coração nobre e alma inquieta encontrou-se em um turbilhão de emoções desconhecidas. Sua amada, uma dama de espírito livre, partiu para terras distantes, deixando-o sozinho com seus pensamentos e sentimentos.
Durante a ausência da dama, o homem começou a sentir uma insegurança que nunca antes havia experimentado. Uma possessividade estranha e desconhecida começou a se apoderar dele, uma necessidade de controle que ele não conseguia entender. Ele se viu vasculhando as correspondências da dama, procurando por qualquer indício de infidelidade. Qualquer palavra, qualquer gesto, qualquer sinal era suficiente para desencadear uma crise de ciúmes.
Em meio a essa tempestade emocional, o homem percebeu que o problema não residia na dama, mas em si mesmo. A chama do seu amor por ela havia se transformado em uma brasa. Ele se perguntou: Será que a viagem da dama, sua ausência por um mês, e o fato de ela ter encontrado outro cavalheiro em terras distantes foram suficientes para apagar o seu amor por ela?
O homem então se lembrou de sua infância, de como se sentia abandonado quando seus pais o deixavam na casa de sua avó. Ele se lembrou de como se sentia triste e confuso, sem entender por que seus pais o deixavam. Com o tempo, para se proteger desses sentimentos, ele desenvolveu a habilidade de não se apegar a ninguém.
O homem percebeu que a mesma coisa estava acontecendo com a dama. Quando ela partiu para terras distantes, ele sentiu um grande medo de que ela não voltasse. Mesmo sabendo conscientemente que ela voltaria, seu subconsciente ativou a mesma função de autoproteção e esquecimento que ele havia desenvolvido na infância.
Foi então que o homem começou a estudar a teoria junguiana. Ele descobriu a ideia da Anima, a parte feminina da psique masculina. Ele percebeu que sua Anima estava se manifestando de uma forma irracional, possessiva e autodestrutiva. Ele percebeu que sua Anima estava controlando sua consciência, fazendo com que a dama não estivesse mais se relacionando com ele, mas sim com sua Anima.
O homem percebeu que precisava reconstruir seu amor pela dama. Ele passou por todos os estágios do amor: paixão e romance, construção e realidade, compromisso e profundidade, amor verdadeiro e parceria, renovação. Ele até marcou seu corpo com o nome dela como um símbolo de seu compromisso.
No final, o homem agradeceu à sua Anima. Ele percebeu que ela era uma parte essencial de sua psique e que precisava entender e cuidar dela. Ele sabia que o que havia acontecido não foi intencional, mas sim uma tentativa de proteger a si mesmo.
E assim, o homem aprendeu a conviver com sua Anima. Ele aprendeu a entender e aceitar seus sentimentos, e a trabalhar com eles em vez de contra eles. Ele aprendeu a amar a dama de uma forma mais profunda e verdadeira, e a confiar nela novamente. E, acima de tudo, ele aprendeu a amar a si mesmo, com todas as suas complexidades e imperfeições.