As Faces da Saudade

Unform

Saudade, vestígio de abandono,

árvore morta em pleno outono.

Folhas descoloridas dançam no vento,

palavras no poema do esquecimento.


É uma casa vazia,

ecoando um silêncio que arrepia,

Janelas fechadas, retratos empoeirados,

nos corações esvaziados.


Metonímias de momentos que se foram,

Aliterações de suspiros em dormitórios fortes,

Saudade, tatuagem invisível,

Numa pele que já foi sensível.


E eis a face do amor,

Saudade, que se atira como uma flor,

No jardim da memória, ela floresce,

Em cada canto, um nome resplandece.


É a canção que ressoa na quietude,

na metáfora da eterna juventude.

É o beijo roubado, a risada partilhada,

Na alma, uma marca inesperada.


Saudade, um oxímoro vivo,

Doce e doloroso, calmo e ativo.

A memória do que foi, e agora não está mais,

O amor que foi vivido, agora jaz.


E quando o poema da noite cai,

O sonhador de saudades desperta e sai.

No peito, a dor, a alegria e a maré,

Todas as faces da saudade, ele vê.


Acorda, e o poema-miragem se desfaz,

Mas o sabor da saudade ainda traz.

E assim, nos recessos do coração confinado,

Retorna o recalcado, disfarçado.


Saudade, fantasma na torre de vigia,

Ronda a alma dia após dia.

Em cada verso, em cada palavra perdida,

A saudade escreve a história da vida.

"Buy Me A Coffee"

Written on July 24, 2023