Breja com o Medo
Numa noite de lua cheia, sob o céu estrelado,
Sentou-se um homem solitário, pelo medo acompanhado.
O medo, em forma humana, com olhos profundos e vazios,
Compartilhava com ele uma cerveja, em silêncios e desafios.
“Sou eu, o medo”, disse, “que em teu ser se manifestou,
Nasci de tuas inseguranças, onde o ego me alimentou.
Sou o sombrio reflexo, o espelho de tua alma,
A sombra que te segue, que te assusta e te acalma.”
“O Ego, meu companheiro, me usa como escudo,
Para proteger-te das dores, do mundo cruel e rude.
Sou eu, o vilão, o Judas, o traidor,
Mas sem mim, teu ser estaria em maior clamor.”
“Eu te protejo, te resguardo, te mantenho alerta,
Sou a muralha que te cerca, a porta sempre aberta.
Mas não sou teu inimigo, nem teu algoz, nem carrasco,
Sou apenas um reflexo, do teu eu, em teu casaco.”
“O medo é necessário, é parte de quem tu és,
Mas não deixes que ele te domine, que te leve pela insensatez.
Aceita-me, abraça-me, entenda o meu papel,
E verás que o medo, pode ser um bom conselheiro, um fiel.”
“O remédio para mim, é o amor, a cura universal,
O bálsamo que acalma, que transforma o mal em bem, o normal.
O amor é a chave, a luz no fim do túnel,
É o que te faz humano, é o que te faz imune.”
E assim, o homem entendeu, com o coração aberto,
Que o medo não é o fim, mas apenas um novo começo.
Com amor e aceitação, ele abraçou seu medo,
E viu que o amor, de fato, vence tudo, até o segredo.