2024-08-24-Conversa-com-Hilda-Hilst
Entre os lençóis do tempo, amor se aninha,
Mas o corpo clama por carícias esquecidas,
Não por falta de querer, mas pelo peso
Do dia, do mundo, do silêncio.
Hilda te diria, com palavras de vento,
Que o desejo não morre, apenas dorme,
Esperando o toque certo, o olhar desperto,
A palavra sussurrada no escuro.
O amor é vasto, mas o corpo é rio,
Que pede para fluir, sem pressa, sem rumo,
E o desejo, esse, é chama que precisa
Do sopro leve, do cuidado em segredo.
Se o toque se perdeu, Hilda diria,
Encontra-o na ternura, na memória do beijo,
Na dança suave dos gestos antigos,
E deixa o desejo despertar, como primavera tardia.
Porque o corpo, meu querido, também é amor,
E a ausência do toque é só um convite
Para redescobrir, na pele que ama,
O prazer de ser, de estar, de sentir.