A despedida do Daime
Título: A Despedida do Daime: Uma Jornada de Transformação e Autoconhecimento
No dia 07 de julho de 2023, tive a oportunidade de participar de uma cerimônia de Daime. O local celebrava seu primeiro aniversário e, para a ocasião, um grande evento estava planejado, com a apresentação de três bandas.
- Fernando Pessoa, “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena”.
Cheguei com uma antecedência de 30 minutos e, logo na entrada, encontrei dois amigos do Daime. A coincidência de encontrá-los na entrada foi um prenúncio de que aquela noite seria especial. Decidi que aquela seria minha despedida do Daime, e senti uma alegria serena por essa despedida ocorrer em um momento tão significativo.
- Friedrich Nietzsche, “Aquilo que não me mata, só me fortalece”.
A primeira dose de Daime foi tomada assim que o primeiro artista começou a se apresentar. A música, como um maestro invisível, parecia orquestrar a energia do Daime e a minha própria vibração. Comecei a fazer exercícios de respiração, inspirando profundamente e segurando o ar o máximo que conseguia, alternando entre o peito cheio e vazio. Esse ritual me conduziu a um estado profundo de transe.
- Osho, “A meditação é uma viagem, não um destino”.
Quando o primeiro artista terminou sua apresentação, eu já estava imerso na força do Daime. O segundo artista, Dani Black, começou a tocar sua primeira música, “Oração”. Sua forma de cantar e se expressar me remeteu a Gilberto Gil, um artista que admiro profundamente.
- Rumi, “A música é a linguagem do espírito”.
Ao término do show, eu estava completamente sintonizado com a força do Daime. Sentia uma alegria profunda, uma paz que transcendia o entendimento e um amor que parecia emanar de mim.
- Sócrates, “Conhece-te a ti mesmo”.
Em seguida, iniciou-se uma cerimônia de “Estrelamento”, uma espécie de batismo, iniciação e filiação. Foi um momento de grande beleza, onde as pessoas que contribuíram para a casa se filiaram e criaram um laço simbólico, firmado por diversos ritos.
- Dalai Lama, “A verdadeira religião é o coração bondoso”.
O mestre mencionou o Daime Mel, uma versão super concentrada do Daime. Como era minha despedida, pensei: por que não? Comentei com meus irmãos e disse que toparia se eles também topassem. Não era minha intenção, mas acabei atingindo o ego deles.
- Immanuel Kant, “O sábio pode mudar de opinião. O ignorante, nunca”.
Tomamos o Daime Mel. O gosto, como sempre, era desafiador. Tenho arrepios só de lembrar. O engraçado é que sempre antes de tomar, eu penso: o que estou fazendo aqui?
- Charles Bukowski, “Às vezes, você só precisa fazer coisas que te assustam”.
No momento em que tomei o Santo Daime, versão Mel, hiperconcentrado, já senti seus efeitos. Pedi misericórdia a Deus e que eu não sofresse muito.
- Paramahansa Yogananda, “A dor é o martelo de Deus para nos despertar”.
Passei por momentos muito conturbados na minha vida. Em meu post poema “A Anima manifestada”, relato uma situação em que minha Anima, o feminino dentro de mim, se manifestou de forma literal. Também estava fragilizado por questões familiares, financeiras e de trabalho.
- Sêneca, “Não é porque as coisas são difíceis que não ousamos, é porque não ousamos que são difíceis”.
Foi me revelada a chave, a dura e amarga verdade que eu precisava ver. Era a fonte de toda a minha felicidade, mas o remédio nunca é doce. Foram verdades libertadoras e amargas.
- William Blake, “A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria”.
Agora, estava vivendo um paralelo, minha vida mundana correlacionada com o Astral. Era uma noite muito fria, e Jesus e sua banda tocavam as canções mais doces e amargas que eu já ouvi. Músicas repletas de simbolismos e alquimia. Estava me aquecendo ao sol, mas a dor e a vibração que emanavam não eram do Nós, eram do Eu. Meu estômago e meus sentidos estavam angustiados. Não podia continuar lá, precisava voltar ao ventre, planejar minha reencarnação. Levantei-me do melhor lugar ao Sol, peguei um colchão e deitei-me, como uma criança, como um bebê.
- Platão, “A primeira e maior vitória é conquistar a si mesmo”.
A música de Jesus não parava de cantar verdades perturbadoras, alquímicas, vindas de outra dimensão. Comecei a pensar em todo o sofrimento
que já passei nessa vida, toda angústia que já passou pelo meu ser, como se toda essa energia tivesse se acumulado em mim. Era desesperador reviver toda a dor que um dia vivi.
- T.S. Eliot, “O fim de todas as nossas explorações será chegar onde começamos e conhecer o lugar pela primeira vez”.
De repente, minha mente focou na minha família, nos meus filhos, na minha esposa. O sabor do amor era amargo, era angustiante. Um amor focado na posse, no pertencimento. Se há posse, logo há medo da perda, e nisso meu pânico se instaurou. Como se fosse um elo fraco na minha armadura, o ponto fraco que me trouxe dor e sofrimento. Um eco passou a permear meus pensamentos: e se eu perder alguém? E se alguém morrer? Não sou forte o suficiente para aguentar isso, não conseguirei seguir meu caminho.
- Epicuro, “Não devemos temer a morte. Enquanto existimos, a morte não está presente, e quando a morte está presente, nós não existimos mais”.
Fui transportado para o Além, estava em posição de meditação ao lado do sol, Jesus cantava hinos de amor e evolução. Estava me preparando para encarnar na terra, um sentimento de saudade martelava meu peito. Minha esposa já tinha encarnado há 13 anos, desde então me isolei e me aqueci ao lado da estrela maior, o Sol. Não podia perder minha consciência, pois seria tragado e incorporado ao todo. Precisava reencarnar, precisava continuar minha jornada na Terra. Estava na fase de esquecimento das minhas vidas passadas, e me veio a questão: por que tenho que esquecer outras vidas? Jesus me respondeu: “Você precisa esquecer porque sua consciência mundana não está preparada para lidar com o abandono da matéria dessa forma. Imagine você como criança lembrando da sua antiga família. Você acha que seria capaz de viver sua vida atual lembrando da anterior? Filho, a matéria é densa, podre e ardilosa. Seu caminho é se libertar dela para então viver plenamente sua vida. Até isso acontecer, você irá sofrer”.
- Arthur Schopenhauer, “A vida é uma constante oscilação entre a dor e o tédio”.
Chegou a hora, tinha que viajar do Sol para a Terra para reencarnar. Essa viagem é muito complicada, seu espírito não pode ir muito rápido nem muito devagar. O caminho é frio, com um umbral. Espíritos obsessores e almas penadas tentam impedir e atrapalhar sua viagem. Você é tentado a participar de batalhas, guerras e aventuras, todas ilusórias, que servem apenas para você perder tempo.
- Ram Dass, “Estamos todos apenas caminhando uns aos outros para casa”.
No meu caminho de volta, já com o espírito de criança, fui convocado para uma guerra. Acabei sendo derrotado e isso me lançou como uma estrela cadente para a Terra. Cheguei antes do tempo previsto, nasci de 7 meses, fiquei longos dias sem a minha mãe e privei-me de amamentar do seio dela, uma menina pode aproveitar o seio dela.
- Pablo Neruda, “Você pode cortar todas as flores, mas não pode impedir a primavera de chegar”.
Toda essa viagem me deu a resposta que havia suplicado. Nosso corpo está intimamente ligado à matéria, mas nosso espírito não. Tudo é passageiro aqui nesse plano. Estamos aqui para servir a Deus, a vontade de Deus, nossos irmãos, a humanidade. Viemos para cá porque passamos a vibrar no EU e precisamos sair daqui vibrando no NÓS.
- Spinoza, “Não choramos porque as coisas são tristes, mas porque são passageiras”.
OBRIGADO, JESUS, PELOS ENSINAMENTOS. VOCÊ NÃO MORREU EM VÃO.
Como disse o poeta Rainer Maria Rilke, “Afinal, a morte é apenas um horizonte; e um horizonte é nada além do limite de nossa visão”. EU TE AMO.
- Thich Nhat Hanh, “O milagre não é caminhar sobre a água. O milagre é caminhar na terra verde no momento presente e apreciar a paz e a beleza que estão disponíveis agora”.