Gozar pela dor
No íntimo do ser, uma dor se revela,
Gozar pela aflição, uma chama que centelha.
A ânsia da libertação, a espera que consome,
Ecoa a solidão de um lar sem nome.
Lembranças de um tempo, sozinho e esquecido,
O relógio marcando, o retorno tão desejado e não vivido.
Os passos dos pais, distantes, a se demorar,
No coração da criança, um vazio a pesar.
Mas o tempo, sábio e curador, trouxe a compreensão,
Ressignificou a espera, deu novo tom à canção.
Não mais quero essa dor, esse prazer que machuca,
Que fere, que angustia, que a alma induca.
A porta da alma se desfez, a criança encontrou seu lar,
Mas os hábitos, teimosos, ainda tentam me atar.
A mente, em sua dança, repete o que conhece,
Mas é hora de mudar, de encontrar nova prece.
Em cada batida, uma nova esperança surge,
De um amor sem dor, onde a alma se purgue.
Onde o gozar seja livre, pleno, sem amarras,
Onde o coração não mais se encerre em barras.
Na dança da vida, busco um novo ritmo,
Onde a alegria prevaleça, sem o antigo estigma.
Onde cada toque, cada olhar, seja puro e verdadeiro,
Onde o amor seja o guia, o norte, o primeiro.
A criança em mim, agora livre e destemida,
Busca novos horizontes, uma nova partida.
Com passos firmes, deixo o passado para trás,
Em busca de um presente, onde a paz reine mais.
Porque a vida é curta, e o tempo não espera,
É preciso viver, sem medo, sem espera.
Com coragem e determinação, sigo meu caminho,
Em busca de um amor, que cure meu coraçãozinho.