O caco na ferida

Unform

Na minha alma um silêncio estridente,

Uma angústia que, soberana, reina.

Uma ferida, que soturna, detém

O poder de transformar a dor em cena.


Habilidades que aprendi a cultivar,

Reprimir, ocultar, esquecer, deixar ir.

Como um membro ausente que já não está,

A adaptação me ensinou a prosseguir.


Qual camaleão que muda a sua cor,

Eu me transformo para não doer.

Mas, e se a dor pedir o ultra violeta?

Como então, poderei me esconder?


A ferida aberta, o golpe acusado,

Com a rapidez do medo, a prontidão.

Pois a infecção poderia ser fatal,

Assim, aprendi a rápida suturação.


Mas como pude esquecer, em mim, o caco?

Significativo, agudo, a me cortar.

Esquecido em minha alma, tão profundo,

A dor silente, que insisti em ignorar.


Agora é hora da cirurgia, da cura,

De enfrentar o que, de mim, tentei fugir.

Carência, compulsões, auto sabotagem,

Em meu ser, já não irão mais se ouvir.


Em frente, sob a luz do desconhecido,

Caminho por um campo de batalha interna.

A dor já não é mais o inimigo,

Mas a chave que destranca a porta eterna.

"Buy Me A Coffee"

Written on July 18, 2023