O sexo que me fere, o sexo sem desejo

Unform

Em câmaras ocultas do coração,

Lá onde a paixão já foi vivaz,

Jaz o desejo, sem mais excitação,

Um vazio que na alma faz profunda paz.


Como pode alguém, na intimidade,

Fazer-se amar sem a chama do querer?

Trair-se a si, em falsa liberdade,

É um fardo que ninguém deveria ter.


O corpo usado, um objeto, um meio,

Onde antes era amor, agora é vazio.

A dúvida semeada no seio,

Da confiança quebrou o fio.


O corpo, outrora templo do prazer,

Agora objeta, se torna prisão,

A mulher, acorrentada por padrões,

Desejo negado, alma em confusão.


Como amar sem querer, como tocar sem sentir?

É traição à alma, é ferir-se em vão,

Uma relação clama por inteireza,

Por confiança, entrega, razão e paixão.


Fisiológico? Talvez essa seja a razão,

Mas a ferida no peito não entende a ciência.

Só vê a falta, a ausência de paixão,

E sente na pele a cruel incoerência.


A falta de desejo, sincera rejeição,

Mesmo que seja a culpa do corpo, e da mente não.

Dor partilhada em silente confissão,

Um amor que ainda arde, mas sem tesão.


Mas há ainda amor, ainda há vida,

Ainda há caminho para dois corações.

Na menopausa, uma fase vencida,

Há outras formas de viver as paixões.


Compreensão, respeito e carinho, talvez,

Sejam as chaves para essa nova etapa.

O sexo sem desejo pode ser só uma vez,

Mas o amor persiste, se a fé não quebra.


Buscamos respostas, cura para a ferida,

O sexo sem desejo, a conexão perdida,

Mas talvez, na sinceridade da falta,

Encontremos a chave, a verdade da alma.


A mulher não é objeto, nem escrava do querer,

O amor transcende o físico, podemos entender,

Se o desejo se foi, a intimidade ainda vive,

Na compaixão, no respeito, na relação que nos uniu.


Vamos caminhar juntos, pela senda incerta,

A menopausa é uma etapa, não uma porta fechada,

Reacenderemos a chama, em outros caminhos,

Porque o sexo pode ferir, mas o amor sempre tem um ninho.


O sexo que me fere, o sexo sem anseio,

É uma passagem, não o fim do caminho mas o meio,

Na sinceridade, se refaz o esteio,

E o amor ressurge, como novo carinho, como novo meio.

"Buy Me A Coffee"

Written on August 5, 2023