Será Amor ou Costume
Nos alvores de nosso encontro, sentia
Uma paixão que, como lava, ardente queimava,
O som de tua voz, teu riso, a maneira que me olhava,
Tudo parecia novidade, todo dia era festa, todo dia.
Conforme os dias tornaram-se anos,
A lava que uma vez queimou, começou a resfriar,
Não que o amor tenha ido embora,
Mas tornou-se diferente, de uma forma que eu tento decifrar.
Lembro das noites sob a lua, de mãos entrelaçadas,
De olhares que falavam mais que mil palavras murmuradas,
E agora? Será que esse sentimento se apagou?
Ou será apenas um costume do coração que se adaptou?
Amor é um caminho, não um destino, aprendi a ver,
E nos autos e baixos, encontrei formas de entender
Que sentimentos, como marés, têm sua variação,
E o que sentia antes, hoje é outra canção.
A paixão, quente e volátil, se transformou em amor,
Não mais queima como lava, mas como sol, tem seu calor.
Acalanta meu ser nas manhãs frias,
Dá-me força, esperança, alegria todos os dias.
Mas, dentro de mim, uma angústia nasce e cresce,
Será que estou aqui por amor ou simplesmente porque me apetece?
E ao questionar-te sobre todos esses sentimentos,
Teu olhar profundo revela momentos.
Dizes que me respeitarás, seja qual for a decisão,
E essa liberdade, paradoxalmente, aperta o coração.
Porque, em tua fala, percebo o amor verdadeiro,
E me dou conta de que, sim, ainda sou teu primeiro e único canteiro.
Amor ou costume? Talvez uma mistura dos dois,
Porque a vida é feita de tons, e nem sempre claros ou veloz,
A cada fase, nosso amor se redefine,
Mas, seja o que for, é nosso, e isso me fascina e define.